Cartografias da Violência na Amazônia 21/11/2025

Municípios da Amazônia sob influência de facções criminosas aumentam 32% e chegam a 344 em 2025, aponta estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Comando Vermelho mais do que dobrou sua presença na região desde 2023, chegando a 286 cidades com hegemonia consolidada em 2025

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Estudo divulgado nesta quarta-feira (19/11) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) revela um aumento de 32% no número de municípios da Amazônia sob influência de facções criminosas em 2025 na comparação com o ano anterior. Atualmente, são 344 municípios nessa situação, ante 260 em 2024 e 178 em 2023, consolidando uma tendência crescente de ocupação do território amazônico pelo crime organizado. Os dados estão presentes na quarta edição do estudo “Cartografias da Violência na Amazônia”, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com o Instituto Clima e Sociedade (iCS), Instituto Itaúsa, Laboratório Interpretativo: Amazônia, Ilegalismos e Violência (LAIV) e Instituto Mãe Crioula (IMC). Foram analisados os cenários dos nove estados que conformam a Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão), composta por 772 municípios.  

Em 2025, os pesquisadores do FBSP levantaram que 258 cidades da região estão atualmente sob controle de uma facção e outros 86 municípios convivem com disputas entre organizações criminosas. Trata-se de um número superior ao registrado no ano de 2024, quando foi constatada hegemonia de um grupo criminoso em 176 municípios e concorrência em outros 84. O Comando Vermelho (CV), que em 2023 exercia influência em 128 cidades, mais do que duplicou sua presença na região, tendo se expandido para 211 no ano seguinte. Em 2025, chegou a 286. A facção detém presença hegemônica em 202 municípios, enquanto em 84 há disputa com criminosos de outro grupo. Em 2024, havia 130 cidades sob domínio do CV e 81 em disputa; em 2023, o Comando Vermelho era hegemônico em 59 e disputava outros 69. 

A Amazônia é um território que favorece a atuação de faccionados, milicianos e grileiros, que agem em dinâmicas complexas, em áreas enormes, fronteiras extensas e permeáveis, e com escassa presença estatal, o que significa insuficiente capacidade de fiscalização”, observa Samira Bueno, diretora-executiva do FBSPNão é possível entender o crime organizado na região sem observar as particularidades socioeconômicas, políticas e territoriais da Amazônia, bem como as transformações das dinâmicas das diferentes facções do crime organizado em seu processo de crescimento”, afirma  

No cenário amazônico atual, 17 facções estão ativas na região. Para além do Comando Vermelho (CV) e do Primeiro Comando da Capital (PCC), figuram com destaque grupos de base regional como os Amigos do Estado (ADE), Bonde dos 40 (B40), Primeiro Comando do Maranhão (PCM), Família Terror do Amapá (FTA), União Criminosa do Amapá (UCA), Comando Classe A (CCA), Bonde dos 13 (B13), Bonde dos 777, Tropa do Castelar e Piratas do Solimões, além das facções nordestinas Bonde do Maluco (BDM) e Guardiões do Estado (GDE). A presença de organizações estrangeiras, tais como Tren de Aragua, Estado Maior Central (EMC) e Frente Acacio Medina reforça o caráter híbrido e transnacional das dinâmicas do crime.  

A intensificação de atividades ilegais variadas, como narcotráfico, garimpo clandestino, grilagem, desmatamento e tráfico de armas desafia a governança territorial, chama a atenção pública e alcança uma escala que chega a exigir uma redefinição do próprio conceito de “crime organizado” que se aplica comumente à região.  

As estratégias das facções não são idênticas. O CV mantém hegemonia nas rotas fluviais, especialmente no eixo do rio Solimões, em articulação com a produção peruana e os cartéis colombianos. O fluxo de escoamento das drogas prossegue em direção a centros portuários estratégicos, como Manaus (AM), Santarém (PA), Barcarena (PA), Belém (PA) e Macapá (AP)O PCC, por sua vez, visa à internacionalização de seus mercados, especialmente no âmbito das redes transnacionais do narcotráfico. A facção paulista tem intensificado a utilização de rotas áreas clandestinas, aproveitando pistas de pouso em garimpos ilegais e unidades de conservação. Enquanto isso, a rota oceânica via Suriname ganha importância, conectando tanto o Amapá quanto o Pará a mercados internacionais, com uso frequente de barcos de pesca e embarcações de pequeno porte.   

“A ausência de políticas públicas específicas e a conivência de alguns setores econômicos utilizados por essas redes criminosas contribuem para que elas se instalem nos municípios amazônicos, evidenciando uma confluência entre atividades legais e ilegais”, destaca o diretor-presidente do FBSP, Renato Sérgio de Lima. “Assim, compreender o crime organizado na Amazônia implica examinar não apenas as organizações criminosas, mas também refletir criticamente sobre o modelo de desenvolvimento predominante, baseado na lógica de fronteira de expansão econômica e na exploração predatória dos recursos”. 

Homicídios acima da média nacional 

Esse cenário impacta as estatísticas de violência da região. Em 2024, houve 8.047 MVIs, as mortes violentas intencionais (homicídios dolosos, latrocínios, mortes decorrentes de intervenção policial e mortes de policiais) na região, o que indica uma taxa de 27,3 assassinatos para cada grupo de 100 mil habitantes, número 31% superior à média nacional. 

O estado mais violento da região e do país no período foi o Amapá, com taxa de 45,1 mortes por 100 mil habitantes em 2024. A única unidade federativa dentre as nove que compõem a Amazônia legal a registrar crescimento no número de homicídios foi o Maranhão, cujo território é alvo de uma intensa disputa pelo controle do tráfico de drogas, envolvendo especialmente o Bonde dos 40, o CV e o PCC. 

Novidade nesta edição do Cartografias é a organização do ranking de municípios mais violentos da Amazônia legal de acordo com o porte populacional. A listagem apresenta agora quatro subdivisões. Os pequenos I têm até 20 mil habitantes; os pequenos II se situam na faixa entre 20 e 50 mil habitantes; os médios estão no intervalo que vai de 50 a 100 mil habitantes; por fim, os grandes são aqueles com população que supera 100 mil habitantes. As taxas foram calculadas com base nos registros de MVI dos últimos três anos por dois motivos: permitir um olhar para os municípios menores e evitar que uma cidade aparecesse entre as mais violentas em decorrência unicamente de um episódio isolado. 

Entre as cidades de porte pequeno I, Vila Bela da Santíssima Trindade, no Mato Grosso, ocupa o primeiro lugar, com taxa trienal de 136,1 mortes por cem mil habitantes. Perto da Bolívia, apresenta posição geográfica estratégica para o tráfico de drogas. Seu território abarca parte da Terra Indígena Sararé, que registrou crescimento exponencial do garimpo, controlado pelo CV. O número de assassinatos explodiu: de 12 em 2022 para 42 em 2024. Fazem parte do conjunto das cinco cidades mais violentas desse grupo Nobres (MT), Calçoense (AP), Alto Paraguai (MT) e Cumaru do Norte (PA).  

A cidade mais violenta entre as de porte pequeno II é Rio Preto da Eva. Esse munícipio do Amazonas sofreu forte impacto das disputas entre PCC e CV até meados de 2024. Os indícios de 2025 apontam para uma situação de monopólio do Comando Vermelho no território. Entre os demais quatro municípios a apresentar as taxas de MVI mais elevadas nesse grupo temos dois localizados no Mato Grosso (Barra do Bugres e Aripuanã) e dois paraenses, Novo Progresso e Mocajuba.  

No escalão médio, desponta na liderança do ranking da violência São Félix do Xingu. Esse município paraense apresenta sobreposição crônica de desmatamento, conflitos fundiários e presença de facções. Sete Terras Indígenas estão circunscritas a São Félix. Em três delas o Ministério dos Povos Indígenas realizou recentes ações de desintrusão: Trincheira/Bacajá, Apyterewa e Kayapó. Os outros quatro municípios médios na lista dos mais violentos são do Amazonas: Coari, Iranduba, Tabatinga e Santa Inês. 

Conhecida como a “capital nacional do agronegócio”, Sorriso (MT) lidera não só o ranking das cidades mais violentas entre as de porte grande: é número 1 na produção agrícola do país e produz o maior volume de soja do mundo. Sua taxa de mortes violentas para cada 100 mil habitantes é de 77,7. Por dois anos seguidos, Sorriso apareceu entre os municípios com maiores taxas de estupros e estupros de vulnerável do país. A extensão da faixa de fronteira do estado do Mato Grosso com a Bolívia torna sua localização estratégica para o narcotráfico no Brasil. O ano de acirramento das disputas entre facções em Sorriso foi 2023, quando se observaram conflitos entre o Comando Vermelho, organização hegemônica no estado, com a Tropa do Castelar, dissidência do CV que se aliou ao PCC. Os outros quatro municípios grandes entre os cinco mais violentos são Santana e Macapá, no Amapá (os dois são conurbados); Altamira e Itaituba, estes no Pará. 

Violências contra as mulheres 

A violência contra as mulheres também é maior na Amazônia Legal do que no restante do país. No ano passado, 586 mulheres foram assassinadas na região, o que representa uma taxa de 4,1 vítimas por grupo de 100 mil mulheres, 21,8% superior à média nacional. O número de homicídios femininos caiu 10,9% na comparação com 2023. 

Entre os nove estados, Mato Grosso é o mais letal para mulheres (5,3 por 100 mil). Porém, o Maranhão foi o único a registrar aumento de homicídios femininos de 2023 para 2024: 19,8% de crescimento. A taxa de feminicídios também permanece elevada: 1,6 por 100 mil, 19,3% acima da média do Brasil. O número de casos de estupro de meninas e mulheres e de vulnerável na Amazônia Legal em 2024 foi 13.312. A taxa alarmante, de 90,4 estupros por 100 mil mulheres, é 36,8% maior do que a média nacional.  

Nos casos de violência sexual, a região apresenta uma tendência que contraria a do resto do país. Enquanto o Brasil registrou leve queda, a Amazônia teve aumento de 4,3%. Nesse contexto, chama atenção que 77% das vítimas de violência sexual são vulneráveis (menores de 14 anos ou pessoas incapazes de consentir).  

Na comparação dos dados, percebe-se que os municípios situados em faixa de fronteira na Amazônia Legal registraram maiores taxas de violência sexual contra mulheres (163,8 casos por 100 mil mulheres); nos demais municípios da Amazônia, essa taxa foi de 97,1. 

O Cartografias traça o cenário das regiões fronteiriças amazônicas. Trata-se de áreas que reúnem múltiplos fatores estruturais responsáveis por elevar a vulnerabilidade de meninas e mulheres, dificultando o acesso à proteção e à justiça. Tais cenários são considerados “desertos de acolhimento”, com redes institucionais frágeis, ausentes ou despreparadas. Grande parte das vítimas vive em áreas isoladas, garimpos clandestinos ou comunidades indígenas aonde o Estado raramente chega. E, quando chega, por vezes provoca revitimização. 

A leitura dos dados revela que não existe “a” violência contra a mulheres, nem violências voltadas contra “a” mulher amazônida, mas diversas violências que atingem distintas mulheres atravessadas por raça, classe, território, geração e pertencimento étnico. As múltiplas Amazônias – urbana, rural, ribeirinha, indígena, garimpeira, de agronegócio e fronteiriça – apresentam vulnerabilidades específicas, o que desafia políticas públicas anteriormente desenhadas com observância a lógicas urbanas. 

Dinâmica do tráfico de drogas 

O crescimento da violência na Panamazônia guarda relação com as dinâmicas da produção global de cocaína. Segundo o World Drug Report, elaborado pelo UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, na sigla em inglês), o volume refinado no planeta foi da ordem de 3.708 toneladas em 2023, o maior da história, com crescimento de 34% em relação ao ano anterior. A estimativa é que cerca de 25 milhões de pessoas tenham utilizado cocaína globalmente em 2023 – outro recorde. A geografia da Panamazônia, com vastas redes fluviais, oferece vantagens logísticas ao tráfico transnacional. O cenário favorável ao crime se completa com fronteiras porosas e densa floresta, o que compromete a capacidade fiscalizatória. 

O Brasil tem atuação múltipla: como rota de trânsito, área de armazenamento e plataforma de exportação, com destaque para portos banhados pelo Atlântico e aeroportos clandestinos distribuídos pela floresta. 

Rotas de cocaína e maconha são operadas por PCC, CV e grupos transnacionais, que estabelecem conexões entre cultivos, entrepostos e pontos de saída. 

O volume de apreensões também cresceu. Entre 2019 e 2024, as polícias estaduais da Amazônia legal, somadas, apreenderam 162 toneladas de cocaína, o que corresponde a um salto de 574,4%. Entre 2023 e 2024, o volume cresceu 21%, o que configura o maior patamar registrado na série histórica. As polícias do Amazonas, responsável por 15 toneladas, e a do Mato Grosso (23,7) responderam por mais de 80% das apreensões realizadas no transcorrer do ano passado. 

O volume de maconha apreendida também registrou recorde: 64 toneladas em 2024, o que configura aumento de 62,1% em um ano. A Polícia Federal apreendeu 118 toneladas de cocaína entre 2019 e 2024 – aumento de 84,8% no período. Quanto à Polícia Rodoviária Federal, o volume apreendido de cocaína no mesmo intervalo foi de 84,3 toneladas, o que significa incremento de 239,9% em seis anos. 

A participação da Amazônia nas apreensões nacionais de cocaína já representa mais de um quarto do total. No caso da Polícia Federal, saltou de 10,8% em 2019 para 27,9% em 2024. No da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o aumento foi de 13,6% para 26,8% no mesmo intervalo de tempo. O crescimento do peso relativo da região demonstra que a Amazônia deixou de ser rota complementar, sendo hoje prioritária nas cadeias globais do narcotráfico. 

A movimentação de drogas na Amazônia combina três modais integrados. O fluvial predomina; o aéreo está em expansão, e o rodoviário é relevante em Rondônia, Mato Grosso e Roraima, fazendo a conexão de rotas bolivianas e venezuelanas ao Centro-Sul. Na lógica da opção rodoviária, transações envolvendo a troca de drogas por carros roubados são comuns. 

No que diz respeito às rotas hidroviárias, o destaque fica por conta dos rios que conectam Colômbia, Peru e Brasil. A importância do Solimões, do Juruá, do Içá, do Japurá, do Purus e do Madeira sobressai. O crescimento do controle exercido pelo CV nesses rios forçou o PCC a migrar para o modal aéreo. Nesse diapasão, cresceu a quantidade de aeronaves interceptadas pela Força Aérea Brasileira. Esse modal se intensificou após ações de desintrusão em áreas Yanomami, fator que contribuiu para a migração de pilotos do garimpo para o narcotráfico. 

Disputas pelo uso do solo 

Entre os principais motores de violência na Amazônia Legal estão as disputas pelo uso do solo – desmatamento, ocupação irregular e conflitos fundiários. A reconfiguração da dinâmica territorial ocorre por força da sobreposição de desmatamento, grilagem, garimpo, avanço da fronteira agropecuária e intensificação da presença do crime organizado, o que amplia tensões, afetando diretamente populações indígenas, ribeirinhas, quilombolas e agricultores familiares. 

Por outro lado, a retomada de políticas de fiscalização e controle foi determinante para a queda de 50,7% da área desmatada na Amazônia Legal. Em 2022, foram 12.693 km²; em 2024, o desmatamento foi de 6.261 km². 

A queda do desmatamento, no entanto, está longe de ser uniforme. Nas Terras Indígenas, a área desmatada cresceu 52% entre 2023 e 2024. O índice permanece elevado sobretudo em Unidades de Conservação, especialmente nas Áreas de Proteção Ambiental (APAs) Triunfo do Xingu, Tapajós e Chico Mendes. Quando se olha para os estados, Amapá, Roraima e Tocantins registraram aumento mais recente do desmatamento entre 2022 e 2024. Já Amazonas (mais 81,4%) e Acre (mais 42,4%) acumulam crescimento cujo início remonta a 2008. 

O garimpo ilegal altamente organizado se associa ao crescimento do desmatamento em Terras Indígenas. Entre as mais desmatadas figuram Sararé, Yanomami e Uati-Paraná, com participação do Comando Vermelho (CV) em algumas regiões. 

Nas UCs, mais da metade do desmatamento em 2024 ocorreu em três APAs do Pará, o que evidencia a vulnerabilidade das áreas de uso sustentável à grilagem e à pecuária extensiva. A expansão de monoculturas como as de soja e de milho permanece como vetor central de abertura de áreas e conflitos ao longo da BR-163, da Transamazônica e da Transgarimpeira.  

Quanto aos conflitos fundiários, dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) indicam que foram registrados 1.317 episódios no campo em 2024, maior número desde 2015. Mais da metade (60,3%) de todos os conflitos desse tipo no ano passado ocorreu na Amazônia Legal. Entre 2015 e 2024, o aumento dos conflitos na região foi de 89,2%; entre 2023 e 2024, o crescimento foi de 20,6%. 

Os maiores números em 2024 concentraram-se no Maranhão (420), Pará (314), Rondônia (132) e Amazonas (132). Nessas regiões, nota-se forte expansão da fronteira agropecuária, da mineração e das disputas por água e por terra. O maior crescimento percentual da década (528,6%) foi registrado no Amazonas, o que sinaliza o avanço da degradação para o interior da floresta. 

A edição 2025 do Cartografias traz um capítulo sobre desintrusões de Terras Indígenas (TIs). Entre 2023 e 2025, o Governo Federal implementou as ações de desintrusão mais amplas no período de vigência da Constituição de 1988. Coordenadas pelo Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e pela Secretaria de Direitos Territoriais Indígenas (SEDAT), as operações respondem a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPFs) do Supremo Tribunal Federal (STF) e integram o Plano Nacional de Desintrusão e Consolidação da Posse Indígena (PNDPI), que abrange 12 TIs severamente afetadas por garimpo, grilagem, extração de madeira, pesca/mineração ilegal e presença de facções criminosas. 

As 12 TIs apresentam cadeias complexas que combinam vários crimes, do garimpo à biopirataria, passando pela pesca predatória. O conjunto de evidências estudado revela que não se trata de invasões pontuais, mas de operações estruturadas com finalidades econômicas, ordenadas por forte capacidade logística e com articulação regional. 

Nesse quadro, a Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) desponta como o principal ator de enforcement nas TIs. Entre 2024 e este ano, 1.099 agentes foram mobilizados, com investimento total de R$ 64,5 milhões. A FNSP tem se revelado crucial na fase pós-desintrusão, por oferecer presença contínua e neutra em territórios nos quais órgãos locais muitas vezes sofrem ameaças diretas ou de captura política. 

Estudo de caso: Alto Solimões 

Por fim, o Cartografias 2025 traz um estudo de caso. Para esta edição, foi elaborado um diagnóstico da presença e dos impactos do crime organizado na microrregião do Alto Solimões, um território estratégico na tríplice fronteira Brasil-Peru-Colômbia.  

Com 281 mil habitantes, sendo mais da metade indígenas (54%), e forte dependência de recursos públicos, a região combina vulnerabilidade socioeconômica, isolamento geográfico e baixa presença estatal, o que proporciona condições favoráveis à atuação de facções, em especial o CV, presente em seis dos nove municípios. 

A violência letal do local, embora abaixo da média nacional, concentra-se em Tabatinga, onde o crime organizado exerce governança e impõe regras tácitas. Em paralelo, há crescimento do consumo de “óxi”, do microtráfico e dos furtos associados à dependência química, o que fragmenta o tecido criminal. 

Acesse o estudo na íntegra em https://publicacoes.forumseguranca.org.br/handle/123456789/289/

 

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