Profissão Polícia 26/10/2022

Câmeras fotográficas: as eleições e 2022

Ao contrário do que se possa imaginar, as câmeras corporais trazem mais benefícios do que prejuízos, além de transformarem a ação policial em comportamento totalmente auditável, transparente, legal e, acima de tudo, benéfico para o policial

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Glauco Silva de Carvalho

Bacharel em Direito (USP), mestre e doutor em Ciência Política (USP). Coronel da reserva da PMESP, foi diretor de Polícia Comunitária e Direitos Humanos e Comandante do Policiamento na Cidade de São Paulo

Os últimos meses têm levantado acalorados debates acerca do uso ou não de câmeras por parte de policiais militares no seu serviço cotidiano.

Como todas e todos sabem, sou totalmente a favor do uso de câmeras. Ao contrário do que se pensa, elas trazem mais benefícios que prejuízos, além de transformarem a ação policial em comportamento totalmente auditável, transparente, legal e, acima de tudo, benéfico para o policial.

No último dia 14 de outubro, para minha alegria, o candidato do Republicanos ao governo do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, acenou com a possibilidade de rever sua posição em relação às câmeras.

Os números produzidos pelo emprego das câmeras são impressionantes. Vejamos os dados dos 18 batalhões que estão utilizando as câmeras em seus fardamentos:

a) Considerando-se o terceiro trimestre dos últimos três anos, o número de confrontos teve queda de aproximadamente 90%; ou seja, de cada 10 confrontos “previsíveis”, nove deixaram de ocorrer;

b) No ano de 2021, nenhum policial militar foi morto nessas unidades;

c) Caiu de forma muito acentuada o número de confrontos com resultado morte no ano de 2021, em algumas circunstâncias, beirando os 85%; ou seja, de cada 100 pessoas mortas em confronto com homens desses batalhões da Polícia Militar,  85 “deixaram” de morrer;

d) Nesse mesmo período, aumentou em cerca de 40% o número de flagrantes (criminosos presos no ato da prática delituosa);

e) Aumento em aproximadamente 13% da apreensão de armas.

Como se pode verificar, são inúmeras as vantagens do emprego das câmeras nos fardamentos dos policiais militares.

Tarcísio de Freitas, externou, por diversas vezes, talvez influenciado por segmentos da própria segurança pública, sua contrariedade em relação ao uso de câmeras por parte de policiais.

Como bom técnico que sempre fora, oficial da reserva do Exército e engenheiro formado pelo conceituado Instituto Militar de Engenharia (IME), Tarcísio, que de longe não se mostra nem incompetente, nem obtuso, deve estar atento às inovações trazidas pelas câmeras em todos os países do mundo onde foram implementadas. Conservadorismo não é sinônimo de ignorância. Ao contrário, é maneira de se ver o mundo e de nele se inserir. O que Bolsonaro fez é um atentado à inteligência, que não acomete outros atores políticos e intelectuais de vertente liberal ou conservadora.

De minha parte, espero sinceramente que Tarcísio reveja seu posicionamento e corrija as falhas que seguramente existem, mas mantenha a Instituição no rumo civilizatório que ela deve seguir neste momento, em que está próxima da completar 200 anos de existência.

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